30 de julho de 2014

Dunga cobra mais foco na seleção, menos 'melindres' e descarta jogar em função de Neymar

Para recuperar a imagem da seleção brasileira após as acachapantes derrotas para Alemanha e Holanda na Copa do Mundo, o técnico Dunga cobrará uma forte concentração da equipe nacional. O comandante exige mais foco dos seus jogadores nos próximos compromissos da seleção. De acordo com o treinador, isso será fundamental para o futuro do time.

"O foco maior tem que ser a seleção. Quando der entrevista, tem que estar com o chapéu da seleção. O Brasil tem que ter a cara limpa. Tem que ter marketing pelo futebol, pela qualidade. Falar mais do que acontece no campo do que extracampo", disparou Dunga em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo. Por sinal, durante a Copa do Mundo, Neymar deu uma entrevista coletiva usando um boné da sua grife pessoal.

"Os problemas de marketing, de família, (os jogadores) devem resolver antes ou depois (de estar com a seleção). Durante 30 dias isso não vai mudar", continuou Dunga. "Eu acho que em certos momentos a seleção tem que ter mais privacidade".

O treinador também foi questionado sobre a parte emocional dos atletas que estiveram na última Copa do Mundo. Em determinadas situações, como na execução do hino nacional, muitos deles não se contiveram e choraram copiosamente antes das partidas.

"Se criou essa coisa do hino desde a Copa das Confederações. O hino que o torcedor continuava. É legal, mas quem está ali dentro não pode se emocionar muito. Essa exposição deve ter atrapalhado. Talvez a equipe tenha sentido um pouco essa ansiedade que se criou, essa expectativa que tinha que ganhar de qualquer forma", discursou.

Dunga disse que ficou perplexo com o revés sofrido diante da Alemanha na semifinal do Mundial. Mas ele acredita que faltou um ‘chacoalhão' na equipe.

"Senti o que todos sentiram. Ninguém está acreditando em um apagão. Ninguém espera, ninguém está preparado. Até o treinador fica perplexo. Mas tem que ter alguém para dar um berro. Eu não tenho que ficar de melindre de chamar a atenção. Não tem esse negócio. Se você perder, eu também vou perder. Está faltando um pouco isso no futebol em geral. Todos possuem grande exposição, e isso deixa com medinho de dar bronca, mandar para aquele lugar. Chamar a atenção do outro", afirmou Dunga, que evitou fazer críticas a Luiz Felipe Scolari, seu antecessor na seleção brasileira.

"Campeão do mundo não se discute. Teve a hombridade de tomar as decisões, estava lá para isso", elogiou.

Para o técnico, o Brasil não vive o seu pior momento no futebol. "Eu não seria tão crítico. Temos qualidade, temos que apagar esse resultado que foi atípico. O futebol brasileiro não está defasado. O problema é que no Brasil o jogador com 14, 15 anos já vai para Europa. Se você pegar esses que foram, nenhum é titular absoluto de seu time. O Brasil começa a perder nesse aspecto", analisou.

Dunga descartou armar a seleção brasileira em função de Neymar. "O Neymar é uma referência mundial. Mas a seleção não jogará em função do Neymar. O Brasil tem que criar uma estrutura para que ele possa ser o diferencial", afirmou.

O comandante ainda negou que tenha sido agente de jogador. Ele comentou o seu papel na negociação do meia Ederson, que foi revelada pelo ESPN.com.br, por meio do jornalista Lúcio de Castro.

"Em 2004, eu parei de jogar futebol. Fui procurado por uma pessoa para apresentar um investidor. Não é agenciamento, porque fiz uma apresentação e saí fora. O clube negociou com o empresário", explicou o treinador.

@folhadosertao
com msnbrasil

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