28 de março de 2016

Simone e Simaria sobre preconceito: “Tiveram que engolir a gente”



Se no Nordeste Simone e Simaria já eram consideradas as “rainhas da sofrência”, hoje, com apresentações marcadas por todo o país, a dupla que mistura sertanejo com forró tem uma certeza: já conquistou também o Brasil. Com 20 shows por mês, público de 1 milhão de pessoas em show aberto e mais de 24 milhões de visualizações no Youtube, a dupla de cantoras é um fenônemo musical. E para elas existe uma explicação.

“Nosso sucesso é reflexo da qualidade das músicas que a gente entrega. O repertório faz toda diferença, porque quando o público gosta ele vai cantar junto, ele vai ouvir fora dali. Não adianta ter um palco gigante e cinquenta bailarinos se o seu repertório não é bom. Quando a música é boa a voz pode até ser ruim que o povo segue”, ressalta Simaria que fica responsável pelas produções musicais com parceiros de composição da dupla.

Mas, segundo elas, cantar sertanejo (forró e tantos outros rimos regionais) é uma dificuldade quando se é mulher. “A música sertaneja, principalmente no Nordeste, é um ambiente muito masculino, um mundo machista. Os empresários e os próprios artistas têm uma cabeça mais fechada quando o assunto é a participação igual da mulher na música. Já no Sudeste isso não acontece, é mais natural. Só que tiveram que engolir a gente”, brinca Simaria tirando uma gargalhada da irmã Simone: “Nosso show não tem nada demais: é só uma luzinha ali e a gente com a nossa música”.

Além de vencer o preconceito, elas, que começaram suas carreiras como backing vocals do cantor Frank Aguiar, precisaram ponderar até decidirem qual caminho seguir: o de encontrar um novo rumo para suas carreiras ou de permanecer com o cantor. Deste tempo, Simone e Simaria guardam lembranças de aprendizado e só. “Não temos nenhum contato com o Frank. Até porque, quando aconteceu o nosso desligamento dele, ele nunca veio perguntar se precisávamos de alguma coisa ou não, nunca nos ajudou. Nem ele apoiou a nossa saída. Só que nossa escola com ele foi muito boa, nós aprendemos muito com ele, principalmente o lado do marketing para formar a carreira. Mas a relação não estava mais funcionando, não que acontecesse alguma falta de respeito. Só acabou”, relembra Simaria sem mágoa do cantor.

Carreira solo e segunda vez no Rio

Logo após a saída da banda de Frank Aguiar e antes de tornarem seus nomes conhecidos, Simone e Simaria, como a maioria dos artistas, passaram por outras bandas e também por dificuldade financeira. “Tinha mês que eram só duzentos reais para pagar as contas. A Simone tomou a atitude de ir pro Nordeste buscar alguma oportunidade, ir atrás de alguma banda para cantar. E foi a partir dela que tudo começou a acontecer. Depois eu também fui para lá e a gente começou a encontrar pessoas que queriam investir, de alguma forma, na nossa carreira”, conta Simaria.
Daí para frente elas participaram da Forró do Muído mas o nome delas extrapolou o da banda. Bastou Simone e Simaria seguirem suas ideias próprias e gerenciarem suas carreiras para o nome da dupla estourar de vez. “Eu me dei conta que a nossa música tinha ganhado uma esfera maior do que o Nordeste quando comecei a receber vídeos de outros artistas cantando as nossas músicas em seus shows. Por mais que a gente acreditasse no nosso sonho, ver isso acontecer é muito louco”, completa ela.

Pela segunda vez no Rio de Janeiro, Simone e Simaria lotaram o Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga, em São Cristóvão, na madrugada desta sexta-feira, 25. O show faz parte de uma série de apresentações que a dupla faz pelos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e também no Sul do país.

“As pessoas que já estão acostumadas com o Sul e o Sudeste falam que o público é mais quieto, não participa tanto. Mas com a gente é praticamente o oposto, porque o povo levanta mesmo, interage com a gente, se diverte. E o Rio tem uma energia incrível… É sempre uma delícia estar aqui”, destaca Simone sobre a receptividade de um público novo.

Matéria do Site Ego

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