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24 de fevereiro de 2013

Henrique admite a Lula que poderá ser candidato a governador ou a senador

Uma conversa “muito boa”, de quase duas horas, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estrela maior do PT, sondou o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), sobre seu projeto político-eleitoral para 2014. “Lula interessou-se em perguntar qual meu projeto em 2014, se seria candidato a governador ou a senador. Eu disse que estava muito cedo”, conta Henrique.
É a primeira vez que Henrique Alves admite que avalia – ou avaliará – a possibilidade de disputar um cargo majoritário no Rio Grande do Norte. Com onze mandatos de deputado federal, filho do ex-ministro e ex-governador Aluizio Alves, Henrique já disputou duas vezes, sem sucesso, a prefeitura de Natal, em 1988 e 1992. Nos idos de 2000, foi secretário do governo Garibaldi e pré-candidato a governador e a vice-presidente da República, mas ambos os projetos não se concretizaram. Chegar ao governo do Estado é um sonho antigo dele e do falecido pai, tido como maior liderança política que o Estado já teve.
Apesar de admitir a Lula que poderá ser candidato a governador ou a senador, Henrique fez questão de frisar que está muito cedo para essa discussão. Em sua avaliação, o debate prejudica o RN. Nessa hora, ele defende a união das forças políticas do Estado, para aproveitar a oportunidade que o Estado tem com um ministro no governo federal (Garibaldi Filho) e um presidente de Poder.
Em sua visão, é hora de o Estado deixar de lado os projetos partidários, por mais legítimos que sejam, para buscar a união através de projetos de desenvolvimento. “Está muito cedo para isso. A discussão eleitoral prejudica o RN porque todos já se imaginam adversários. É hora de unir a oportunidade, única na história, de termos um representante no governo Dilma, um ministro muito forte, de termos um presidente de poder na Câmara, de termos uma bancada federal qualificada para propor, buscar a união do Estado, através de projetos de desenvolvimento, encarar os desafios enormes da economia, da infraestrutura, realizarmos pelo Estado. Esse é o momento do RN”, declarou.
Segundo Henrique, o Estado deve se espelhar no que fizeram a Bahia, Pernambuco e Ceará, que construíram esse momento e cresceram. “O RN agora precisa unir os trabalhadores, os empresários, o governo, unir as mãos, buscar conquistas importantes, os desafios do novo porto, a duplicação da BR-304, a questão da segurança, a qualificação de mão de obra, o aeroporto de São Gonçalo se efetivar, coisas importantes, e não podemos perder esse bonde da história”.

ALIANÇA

Na avaliação de Henrique, a aliança do PMDB com o PT está consolidada para o Brasil, basta constatar a estabilidade política no governo de Lula e no de Dilma. Contudo, no que se refere ao RN, isso não significará rompimento com o governo do Estado. “Os estados têm realidades próprias, que se respeita, embora se procure, onde for possível, consolidar”, afirmou, sem fechar a janela à possibilidade de manutenção da aliança do PMDB com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) para 2014.
Indagado pela reportagem quem será o candidato de Dilma no Rio Grande do Norte, Henrique respondeu: “Vou saber?!”. E completou: “Está muito cedo para isso”. E teceu um rosário de elogios ao crescimento do PMDB no RN. “O partido cresceu muito, fizemos quase um terço dos prefeitos. Temos uma posição privilegiada, Garibaldi ministro, agora chegando o presidente da Câmara”.
Henrique insiste, porém, na extemporaneidade dessa discussão. “A hora é de o Estado crescer no Nordeste. O Estado é muito político e na hora que se fala em sucessão, termina fracionando suas lideranças. Espero que a minha eleição (para presidente da Câmara) represente muito para o RN. Gere resultado em favor do meu Estado. Ajude a construir coisas para o Estado, no campo econômico, social”.

ENCONTRO COM LULA

Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves falou que “o presidente está disposto, bem de saúde, animado, conhecendo tudo que está acontecendo no Brasil, os bastidores, sabe de tudo”, frisou, momentos após a reunião com Lula, no instituto que leva o nome do ex-presidente, em São Paulo.
Após a conversa com o ex-presidente, Henrique falou com entusiasmo da consolidação da aliança nacional do PMDB com o PT, alvo da conversa com o ex-presidente. “Sobre 2014, é consolidar a aliança do PT com o PMDB, que está dando certo no Brasil, dando certo na relação política. Agora, é cada vez mais alavancar essa aliança. Administrar como for possível”. Sobre o racha na base da presidente Dilma Rousseff, Lula adiantou a Henrique que vai conversar com o governador Eduardo Campos, presidente nacional do PSB. Mas as costuras de Lula não cessam por aí. Na semana que vem, o petista vai ao Rio conversar com o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito Eduardo Paes (PMDB). “Ele vai ligar para Michel Temer, conversar com Michel. Lula teceu muitos elogios à postura, respeitável, leal e correta do vice-presidente. A parceria PMDB/PT vai se consolidar”.
“Mas que insatisfação, temos frustração com Rosalba”
O presidente da Câmara dos Deputados Henrique Alves afirmou que mais que insatisfação, tem frustração com o governo Rosalba. Segundo ele, o problema não é com a pessoa da governadora, mas com o governo. “Mas que insatisfação, temos frustração. Não por ela, que tem qualidades, é uma grande governadora, honesta, ética, humilde, trabalhadora. Mas não é isso só que faz um governador”.
Segundo Henrique, “um governo se faz com a unidade de um grupo político forte, com planejamento estratégico, diálogo, compartilhando decisões, democratizando, sabendo ouvir críticas, escolhendo uma equipe que represente anseios, um quadro político que apoie”. Sobre isso, Henrique diz que “não está acontecendo a coisa solidária, a coisa coletiva, uma discussão permanente, uma avaliação sistemática, de programas”, entre os aliados e o governo.
“É a terceira vez que falo e não percebo resultado. Essa conversa (segunda-feira que vem, em Brasília, reunindo a governadora, os presidentes do PMDB e do PR no RN, mais o ministro Garibaldi e o presidente da Assembleia, Ricardo Motta) foi minha sugestão, inclusive no sentido de que não fosse só o PMDB, mas o grupo político. Garibaldi governador fez o grupo dele, Wilma fez o dela. Governo de uma andorinha só não faz verão. Tem que ter um grupo de discussão, debate, interação. Ou parte para isso ou o governo tende a se isolar”.
Quanto a Carlos Augusto Rosado, que entrou no governo para resolver o problema da articulação política, Henrique disse que “esse diálogo está faltando”. E voltou a citar o natimorto Conselho Político do final de 2011. “Aquele Conselho Político que ele propôs achando que podia se reunir sistematicamente, discutir os fatos, receber críticas construtivas, redirecionar caminhos quando necessário, só que nunca se reuniu”, criticou.
“Não sei quem conversa politicamente com a governadora, não sei quem compõe o quadro de análise. Não sei. Só sei que não é o PMDB. A governadora é sempre gentil conosco, nada a reclamar, do respeito pessoal conosco. Quero até agradecer. Mas não é isso que queremos. Queremos discutir as questões do RN, questões estratégicas, planejamento, programas, a médio e longo prazo. Isso tem gerado uma frustração muito grande em relação à base política. A própria Assembleia, a bancada federal, prefeitos e vereadores, que são a célula mais fundamental, que vivem a realidade dos municípios, se ressentem disso”, completou.
Regional Online 

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