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2 de abril de 2014

Especialistas discutem preservação do jumento no Rio Grande do Norte

Reprodução/Internet

O Procurador-Geral de Justiça, Rinaldo Reis Lima, demonstrou sua preocupação com o atual estado de abandono dos jumentos no Rio Grande do Norte e participou de reunião acompanhado do Promotor de Justiça da Comarca de Apodi, Sílvio Brito, na Secretaria Estadual de Agricultura, no Centro Administrativo, com a participação também de veterinários, professores universitários e autoridades zoossanitárias estaduais e federais.

A reunião foi realizada para debater e esclarecer vários pontos sobre a iniciativa pioneira de difundir o consumo de carne de jumento no município de Apodi. A iniciativa foi do Promotor de Justiça da Comarca de Apodi, Sílvio Brito que, há poucos dias, promoveu almoço de degustação da carne de jumento.

O Promotor de Justiça Sílvio Brito disse, na reunião, que durante séculos o jumento sempre foi visto exclusivamente como uma ferramenta de trabalho pelo sertanejo, utilizada para lavrar o campo e transportar pessoas e cargas. E que com o advento das máquinas, em especial dos tratores e das motocicletas, a utilização dos jumentos nesse trabalho foi diminuindo.

Ainda de acordo com o representante ministerial, à medida que foram perdendo utilidade para o homem do campo, os jumentos foram sendo sistematicamente abandonados. Apenas para ilustrar, ele comentou que nunca apareceu um único proprietário para resgatar um dos mais de 600 animais apreendidos pelas Polícias Rodoviárias Federal e Estadual nos últimos cinco meses e levados para a Associação de Proteção aos Animais (APA) de Apodi.

Silvio Brito lembrou, ainda, o grande número de acidentes graves provocados por esses animais. Só nas últimas duas semanas, foram duas mortes e vários feridos na região de Mossoró (uma envolvendo uma motocicleta e a outra, um caminhão, que se chocaram com jumentos soltos nas rodovias da região).

PESQUISAS CIENTÍFICAS


O Promotor esclareceu, ainda, que a previsão para os próximos seis meses é de continuar realizando alguns abates em caráter experimental e educativo, numa média de 10 a 20 animais por mês, cuja carne será doada a alguns restaurantes que se disponham a testar a qualidade do produto e também transformada em carne de charque.

Esses abates servirão, ainda, para as pesquisas científicas que serão iniciadas em breve por um grupo de pesquisadores, em sua maioria doutores em Zootecnia e Veterinária, além de mestrandos e doutorandos. Eles iniciarão estudos aprofundados sobre todas as potencialidades econômicas do jumento, já que, embora se crie jumentos há mais de 200 anos no Nordeste, pouco se sabe a respeito da biologia desse animal.

O professor aposentado da UFRN e histórico defensor dos jumentos, Fernando Viana Nobre, também esteve presente à reunião e ressaltou sua preocupação com a preservação da espécie. De acordo com ele, a exportação da carne de jumento para o Japão, nas décadas de 1970 e 1980, quase dizimou toda a tropa existente no Nordeste. Foi justamente naquele tempo que começou sua militância em defesa do jumento nordestino.

Além de Fernando Viana, falaram fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura e do IDIARN, que externaram preocupação com o cumprimento da legislação zoossanitária, a fim de preservar a saúde humana e evitar a proliferação de doenças nos rebanhos do Estado.

O veterinário Geneclayton Almeida, que passou os últimos seis anos na Europa, onde realizou seu curso de mestrado, fez restrições quanto a destinação da carne de jumento para o sistema penitenciário e para a merenda escolar.

No último domingo (30), o Hotel Villa Oeste, de Mossoró, ofereceu, a pedido do Promotor Sílvio Brito, um almoço de degustação de carne de jumento para a equipe do Programa Globo Rural, da Rede Globo de Televisão. O almoço foi preparado pelo chefe Antônio Carlos Caetano e foi servido à francesa de três formas diferentes: um contrafilé acebolado, servido com batata noisette e arroz de brócolis e castanhas; filé com torre de legumes e molho Dijon; e lombo recheado servido com purê de cenoura e arroz branco.

Por: MPRN

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