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27 de maio de 2014

Dono da Maré Mansa conta como passou de vendedor ambulante a proprietário de 90 lojas no RN e PB

REGIONAL ONLINE
A repórter da Tribuna do Norte, Karla Larissa, entrevistou o potiguar Durval Dantas, presidente do Conselho de Administração do Grupo Maré Mansa, conhecida principalmente no interior do Rio Grande do Norte ontem tem várias lojas.
O Blog Regional Online republicará a seguir na íntegra essa interessante entrevista a Tribuna; confira:
Agricultor até os 30 anos, Durval José Dantas, hoje com 71, começou a mudar o rumo de sua vida quando decidiu vender chinelas “japonesas”, porta a porta, na zona rural de Carnaúba dos Dantas, onde nasceu. Hoje, mesmo sem nunca ter frequentado uma escola, conseguiu construir uma rede que possui 90 lojas, nos setores de móveis, eletrodomésticos, vestuários e calçados, no Rio Grande do Norte e na Paraíba. 

Em entrevista a TRIBUNA DO NORTE, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Maré Mansa, fala como “escreveu” esta trajetória de sucesso, que será contada no livro “O Poder de um Sonho”, que será lançado amanhã, na livraria Saraiva do Midway Mall. O título do livro é o mesmo tema de sua palestra, que será realizada na mesma data, no Fórum Empresarial do RN, que será realizado no Teatro Riachuelo. O evento é promovido pela K&M Seminários, em parceria com a TRIBUNA DO NORTE. Durval Dantas comenta ainda sobre os planos da Maré Mansa e fala sobre como a empresa tem conseguido continuar crescendo, mesmo em um momento difícil para o comércio varejista. 
O senhor começou vendendo chinelas, carregando em jumento, no interior do estado. Conte um pouco sobre essa história e o que foi fundamental para o senhor se tornar um grande empresário?

Eu comecei vendendo sandálias japonesas, da mais popular que existia na época, comecei vendendo em um jumento na zona rural, passando de casa em casa. Depois de um tempo, eu pensei em melhorar de situação e comecei a vender em uma lona no chão nas feiras livres de Carnaúba dos Dantas. Em 1971, quando fazia mais de um ano que eu estava vendendo, fui vender em Currais Novos. Lá, achei um ponto pequeno, com 2,20 m X 3 m, comecei a vender chinela e depois fui melhorando, coloquei congas, que na época as escolas exigiam, pampa e depois kichute e assim foi crescendo. Depois de um ano, mudei para um ponto maior e foi onde comecei a misturar com roupas populares. Fui crescendo e sempre alugando pontos maiores. Em 1983, eu abri uma loja em Caicó de roupas e calçados, onde já vendia sapato da linha moderna, mas nunca deixei de vender a chinela também não. Eu fui me atualizando, em 1986, fiz uma loja grande de 1.500 m2 e comecei a pensar em abrir mais lojas. 

E o seu diferencial foi a variedade ou ousadia?


A variedade não foi muito importante para mim não. Eu me firmei na linha de calçados e roupas e até hoje eu trabalho com isso. O que fez a diferença para eu crescer mais foi porque abri lojas, em 1986, em uma loja maior em Currais Novos, eu entrei com a venda de móveis e eletros, aí fui abrindo lojas de móveis e eletros, não quis abrir muitas de roupas. Fui abrindo lojas nas cidades em volta. Até 2003, eu tinha entre 15 a 20 lojas, sozinho para tomar conta disso tudo.

O que mudou de 2003 para cá que a empresa cresceu tanto?


Meus dois filhos. Thiago, que nasceu em Currais Novos e toda vida morou lá, quando terminou o segundo grau, disse que não queria mais estudar, queria trabalhar comigo. Nessa época, minha saúde não estava muito boa e ensinei tudo que sabia a ele, e ele ficou cuidando do setor de compras e até hoje é quem cuida disso. E Thaís, minha filha, que com 15 anos veio estudar em Natal, se formou em administração, ficou em Natal e começamos abrir lojas em Natal a partir de 2007.

Quais os números da empresa: faturamento, empregos, lojas e quais os mercados em que atua?

Hoje são 90 lojas no RN e na Paraíba, 8 de calçados e confecções, o resto de móveis e eletros. Hoje, essa parte de empregos não ficou mais comigo, eu não sei dizer exatamente, mas com certeza, passa de mil. O faturamento, eu não queria dizer não. Mas tem crescido a cada ano.

Hoje no RN são quantas lojas?


No total, RN e Paraíba são 90, mas na Paraíba tem 12.

Em entrevista a Tribuna do Norte, no ano passado, o senhor disse que pretendia mais do que duplicar sua presença na Paraíba em 2014, passando de 12 para 27 lojas em um ano. Isso está sendo feito? Por que a Paraíba?

A gente teve essa ideia, lá queremos abrir 10 a 12 lojas, eu já sei as cidades, são cidades médias, na divisa da Paraíba e RN, que estão mais próximas, é mais fácil fazer entrega. Mas deixamos para fazer isso no próximo ano porque precisávamos investir na parte de tecnologia. Estamos fazendo isso esse ano para depois abrir as lojas.

E para o RN, o que está previsto?


No Rio Grande a gente tem pretensão de abrir lojas pequenas e em cidades pequenas. Por exemplo, tem cidades pequenas que a gente tem a loja, mas tem um povoado perto a 20 ou 30 km, mas que as pessoas tem dificuldade de viajar até a cidade para comprar e ir pagar todo mês Então, estamos vendo a necessidade de abrir lojas nessas cidades também. Todas no setor de móveis e eletros.

Há algum outro segmento novo no gatilho? Como o senhor escolhe os segmentos em que atuar?


Não tenho a intenção de aumentar a variedade mais não. É importante a gente fazer aquilo que dá conta de fazer, se misturar muito, pode errar.

O comércio vem desde o ano passado fazendo projeções negativas. No Dia das Mães, por exemplo, as vendas tiveram queda. E com relação a Copa a expectativa não é boa. Qual a sua opinião com relação a isso? Isso também está acontecendo com a Maré Mansa?

Para mim, o Dia das Mães foi equilibrado com o ano passado. O período mais difícil foi janeiro, fevereiro e março. Os feriados realmente atrapalham um pouco. A Copa atrapalha porque as pessoas vão gastar e as lojas vão fechar algumas horas. 

Como é o expediente do senhor hoje? O senhor continua controlando tudo?


Hoje eu estou cercado de muita gente, meus filhos e supervisores. Tenho trabalhado pouco, meio expediente e tenho descansado mais. Mas estou feliz, precisava fazer isso depois dos 70. E eu acompanho tudo. Antes não tinha dia nem noite, trabalhava direto, mas para durar muito tem que trabalhar controlado. Os colaboradores trabalham com horário controlado porque é que eu vou trabalhar mais?

O senhor será um dos palestrantes do Fórum Empresarial do RN. Como será sua participação?


Fui convidado para contar a minha história, fazer minha palestra e aceitei com o maior prazer. No mesmo dia vou lançar meu livro também, faz três meses que estou preparando esse livro.

De que fala o livro? Como foi preparado?


O livro conta a minha história desde criança. As pessoas perguntam demais sobre isso e o livro conta como tudo aconteceu e acho que vai servir de exemplo para as pessoas mais jovens, que estão começando. Eu comecei aos 30 anos e hoje estou contando minha história de sucesso. Eu acho que as pessoas vão gostar. Em 2003, eu lancei um livro, mandei fazer 5 mil e só durou uma semana. Naquele tempo não era vendido. Mas todo mundo ficou me cobrando livro depois.

O senhor falou que começou aos 30 anos. Eu tenho 28, será que ainda tenho tempo de começar uma história de sucesso?


Eu até hoje nunca fui na escola, vim de uma vida sofrida, desde os 7 anos na roça. Meus pais eram agricultores e todos os filhos foram embora, eu só fiquei porque era o caçula de 8 irmãos. Só fui embora depois de mais velho para Goiás, lá também trabalhei na roça. Mas com 27 anos fui fazer mandado numa loja. E a dona, que era de Parelhas, nordestina também, era professora e me ensinou a fazer contas. Isso foi fundamental. Se eu que não tenho estudo e consegui, você que tem estudo, consegue. Mas o conselho que dou sempre é não gaste tudo que ganha. É bom sempre juntar um dinheirinho para investir.

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