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16 de julho de 2014

Brasil está entre os países que mais registraram novos casos de Aids

O número de contágios do vírus do HIV entre homens homossexuais está crescendo no mundo todo, uma tendência mundial que deveria alertar especialistas sobre a capacidade de controlar a epidemia.

Segundo Luiz Loures, diretor-executivo adjunto da Unaids, a agência das Nações Unidas que luta contra a doença, "há uma tendência global que é o crescimento da epidemia entre os gays, entre homens que têm relações sexuais com outros homens".

— Está acontecendo em todas as regiões, sem exceção.

Os fatores para que isso aconteça são muitos e inter-relacionados. Cada vez mais os homens têm relações sexuais sem proteção, "porque a nova geração não viveu a epidemia dos anos 80". No entanto, o tratamento com antirretrovirais existe e funciona, o que frequentemente reduz o medo da morte após o contágio da doença.

— Há certa complacência com a doença, o que é muito perigoso porque ela pode ser mortal.

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Outro aspecto que leva ao aumento de casos é o fato de que, segundo alguns estudos, 60% dos encontros sexuais acontecem após algum contato na internet.

— Devemos desenvolver a formas de se prevenir nesses dating sites [páginas de namoro].

Outro problema ligado à prevenção é o fato de que na comunidade gay é comum os homens terem muitos parceiros. O diretor-executivo adjunto da Unaids participou da apresentação em Genebra do relatório anual da instituição, que destaca que em geral os contágios diminuíram.


Em 2013, entre 1,9 milhão e 2,4 milhões de pessoas contraíram o vírus. Quinze países concentraram 75% dos novos contágios: Brasil, Camarões, China, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Quênia, Moçambique, Nigéria, Rússia, África do Sul, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue.


Os contágios pelo vírus diminuíram em 38% em 2013 em relação a 2001. A queda foi ainda maior entre a população menor de idade: 58%. Em 2013, cerca de 240 mil crianças se infectaram com o vírus, em comparação aos 580 mil que o contraíram em 2001.


A má notícia é em relação ao acesso ao tratamento. O relatório destaca que enquanto 38% dos adultos recebem tratamento antirretroviral, apenas 24% das crianças têm acesso a ele.

Para Mariângela Simão, Diretora do Departamento de Gênero, Direitos e Prevenção da Unaids, "os tratamentos atuais não são adequados para crianças".

— A quantidade, o sabor, o tipo. É muito difícil conseguir que as crianças tomem o coquetel. Estamos trabalhando para desenvolver novos tratamentos mais adequados para crianças, mas é difícil, porque quanto mais diminuem os contágios de crianças, menos interesse as farmacêuticas têm em desenvolver um produto para um mercado que diminui.

A respeito da população geral, em 2013 cerca de 12,9 milhões de pessoas puderam ter acesso aos antirretrovirais, o que representa 37% (entre 35 e 39%) de todas as pessoas que convivem com o vírus. Em relação aos óbitos, desde o pico registrado em 2005, caíram 35%. No ano passado, 1,5 milhão de pessoas morreu por causas relacionadas à Aids em comparação com 2,4 milhões em 2005.

Atualmente, entre 33,2 e 37,2 milhões de pessoas sobrevivem infectadas com a doença. No entanto, a Unaids estima que 19 milhões dos 35 milhões de pessoas que vivem com o vírus desconhecem que são soropositivas.

— Se for acelerada a luta de agora até 2020, poderemos avançar rumo ao fim da epidemia em 2030. Caso contrário, nos arriscamos a prolongar uma década ou mais.

Desde o início da epidemia, cerca de 78 milhões de pessoas se infectaram com o vírus e aproximadamente 39 milhões morreram por causa da doença.

@folhadosertao
com r7

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