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2 de dezembro de 2014

Homem finge ser ex-lateral Leonardo e aplica golpe em jogadores e quase que cantor Daniel cai também


Jogadores de alguns dos principais clubes do futebol brasileiro estão sendo vítimas de um golpe. Uma pessoa está pedindo dinheiro para ajudar uma criança doente usando a identidade do ex-jogador Leonardo, ídolo no São Paulo, Flamengo, e com as Copas do Mundo de 1994 e 98 na bagagem. Essa pessoa usa o nome da Fundação Gol de Letra, presidida por Leonardo e pelo também ex-atleta Raí. No início desta semana, a farsa, que já rendeu um valor aproximado de R$ 50 mil, foi descoberta e mobilizou os envolvidos.

A Gol de Letra tem acumulado prêmios, inclusive fora do país, por seus projetos sociais. Com a boa reputação da instituição e também de Leonardo, que atuou nos últimos anos como técnico e dirigente de clubes como Milan (ITA) e PSG (FRA), o cidadão conseguiu o número de telefone celular de inúmeros jogadores.
O primeiro contato, em alguns dos casos, foi feito por e-mail com assessores de imprensa. Sob a alcunha de Reginaldo Martins, e dizendo-se funcionário da fundação, a pessoa abria conversa sobre a participação do jogador numa partida beneficente, no dia 20 de dezembro, no estádio do Morumbi.
Foi assim, por exemplo, que ele chegou a Zé Roberto. Com o telefone do lateral-esquerdo do Grêmio em mãos, a pessoa assumiu a identidade de Leonardo e fez contato por WhatsApp, popular aplicativo de conversas. Com direito à foto do tetracampeão mundial.
“VC não ta embalsamado irmão???”, questionou o falso Leonardo a Zé Roberto, em uma brincadeira com a idade do atleta de 40 anos. Zé Roberto foi companheiro de Leonardo, o verdadeiro, na Copa do Mundo de 1998. Depois de duas mensagens, o cidadão fez menção a uma ajuda para a “instituição amado”.
Zé Roberto disse que não chegou a depositar nenhuma quantia, mas ouviu no vestiário do Grêmio que outros jogadores também foram abordados. O assédio deixou o presidente da Gol de Letra absolutamente indignado com o uso de sua imagem.

- É um absurdo, estão botando em perigo minha relação com as pessoas. Nem sei o que esse cara está dizendo, como está agindo. A fundação não faz esse tipo de assédio, jamais pediu dinheiro a pessoas dessa forma. Temos projetos financiados por parcerias, entes públicos e privados. Não gostamos desse tipo de abordagem – afirmou Leonardo.
Havia uma série de brechas na história, como um telefone com DDD do interior paulista, quando Leonardo, na verdade, é carioca. Mas a ótima reputação do ex-jogador impediu quaisquer desconfianças. A farsa começou a ser descoberta quando um jogador do São Paulo desconfiou da urgência com a qual o falso Leonardo insistia no depósito.


Ele acionou uma pessoa próxima, que entrou em contato com um representante da Gol de Letra. Esse representante desmentiu a história, disse que o ex-jogador jamais entrou em contato com atletas para pedir dinheiro.
- Quando eu fiquei sabendo, liguei correndo para minha gerente e consegui recuperar meu dinheiro. Ele me pediu R$ 20 mil, eu disse que 20 não poderia dar, mas doei R$ 5 mil. Até foto da criança o cara mandou, dizendo que a mãe estava agradecida – relatou o atleta, que pediu para não ser identificado.
De acordo com esse jogador, que tratou de avisar os mais próximos, outras vítimas do golpe, a conta bancária dada pelo falso Leonardo já havia chegado à soma de R$ 48 mil em doações. A pessoa que se passa pelo ex-jogador fornece os dados de uma conta que pertenceria a um homem chamado Rafael Nicolas Stella, inclusive com o CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) do titular, necessário para o depósito. Segundo o banco Bradesco, essa conta existe desde 2007, e providências estão sendo tomadas para averiguar a origem dos depósitos e suas motivações.
No início da tarde desta terça-feira, o farsante ampliou o golpe. Entrou em contato com o cantor Daniel e pediu uma doação. O artista resolveu entrar em contato com a Gol de Letra antes, para saber a veracidade do pedido, e constatou que tratava-se de uma farsa.
O verdadeiro Leonardo disse já ter passado por situação semelhante na Itália, quando um homem organizava eventos e anunciava a presença dele e de Kaká, na época jogador do Milan. Depois de recolher dinheiro, ele cancelava ou inventava razões para justificar a ausência dos ídolos no local.
- Esse homem foi preso na Itália, está preso até hoje. E aqui eu vou usar vias legais para saber o que posso fazer com o que está acontecendo. Estou indignado com essa situação, isso tem que parar o quanto antes. Que ninguém acredite que possa existir uma abordagem assim – disse o presidente da Gol de Letra.
Os advogados da fundação já trabalham juridicamente para impedir a ação do falso Leonardo.

SPORTV, GLOBO

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