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9 de abril de 2015

ARTISTAS DE SÃO JOSÉ DE CAMPESTRE SÃO DESPEJADOS DA CASA DE CULTURA

Reprodução do Substantivo Plural



Por: Sérgio Villar
Do: Substantivo Plural

Este post pretende muito mais enaltecer o trabalho exemplar da Casa de Cultura de São José de Campestre e do agente cultural Alexandre Feliciano, 36, do que qualquer crítica à política partidária responsável pelo lamentável despejo de artistas da Casa de Cultura.


O mundo precisa de mais pessoas como Alexandre – um batalhador pela arte campestrense há mais de duas décadas. Foi agente de cultura por um bom tempo. Talvez uns 10 anos, atravessando gestões até se esbarrar nesta administração petista.

Assisti de perto a luta de Alexandre, quando a equipe da Revista Preá esteve no município da Borborema potiguar. Um ano antes, em 2004, Alexandre fundara a Associação Artística Campestrense, com ajuda de Gutenberg Costa e Severino Vicente.

A Associação praticamente mantém a Casa de Cultura de Campestre. É ela quem se inscreve e ganha editais. É ela que foi até pouco tempo Ponto de Cultura. É ela, comandada por Alexandre, quem movimente a arte do município.

Portanto, Alexandre foi Agente de Cultura e preside a Associação fundada por ele. Com a Associação, mantinha a Casa de Cultura de Campestre via editais, convênios e ajuda da prefeitura e até de pais de alunos que reconheciam seu trabalho.
Alexandre organizou figurino (a mãe costura de graça para os alunos), som e equipamentos da Casa, a exemplo do bebedouro, computador, impressora, uma minibiblioteca conseguida junto a uma associação alemã e até a iluminação (com mão-de-obra municipal).

Quando de convites para os grupos de Campestre participar de eventos na capital, no interior ou fora do Estado, Alexandre organiza apresentações na Casa de Cultura, promove mostras de cinema e rifas para arrecadar dinheiro e pagar a viagem dos grupos.

Em junho, Alexandre pretende levar o Boi de Reis Sete Estrelas, também fundado por ele, para o Encontro de Bois, em Aliança, Pernambuco. Para tal já pensa na organização de festas, feijoadas e espetáculos para “levar o nome do RN” fora do Estado.

Mas onde? A Casa de Cultura agora é administrada pelo novo Agente de Cultura nomeado pela Fundação Zé Gugu, conhecido como Elson da Megasena. Sim, ele já foi sorteado na famigerada e está bem de vida. Mas quer o salário mínimo de Agente e já despejou os grupos da Casa.

A Casa de Cultura, até então, abria em diferentes horários, conforme a rotina de estudos e afazeres dos 30 alunos, para que ninguém perdesse os ensaios. O moço da megasena não abre sequer no horário comercial. Nem entrega a chave para ninguém, como era feito antes.

Da Casa de Cultura apenas o mobiliário foi doado pela FJA. “Tudo foi conseguido por intermédio da Associação, inclusive o recente edital RN Sustentável, para montagem da Filarmônica”, ressalta Alexandre.

Alexandre disse ainda que o moço da Megasena até pediu para os grupos ficarem. “Quer aparecer às nossas custas sem pagar nada, sem apoiar nada; quer apenas levar o nome, quando tudo foi construído e mantido pela Associação”.

O Boi de Reis Sete Estrelas, fundado por Alexandre, já saiu da Casa. Muitos outros grupos, oriundos do próprio Boi, também. Até por falta de espaço para ensaio em seus horários de costume. Alguns dias a Casa abre apenas pela manhã, segundo Alexandre.

“ (terça passada) a casa abriu só pela manhã. Os grupos foram para minha casa, em vez da Casa de Cultura. Quando for amanhã não sabemos se ele abre a casa. Com a revolta dos grupos, ele mandou botar as coisas pra fora, disse que tínhamos 24 horas para sair”, contou.

Visita de Rodrigo Bico

Poucos dias antes desse episódio, o diretor geral da FJA, Rodrigo Bico, esteve em Campestre para o tal Diálogos Culturais. Alexandre disse que todos ficaram “maravilhados” com a visita. Mas logo depois veio a decepção.

“Bico saiu daqui e deixou a gente cheio de alegria. Com três dias recebemos a primeira dama de Serra de São Bento, que ficou doida dizendo que queria uma casa daquela. Temos um trabalho com municípios vizinhos de longa data”, se orgulha Alexandre.

Com a situação atual, as prefeituras de Serra de São Bento e Serra Caiada se sensibilizaram e disseram que iriam falar com o governador Robinson Faria. A população campestrense também está revoltada, segundo Alexandre.

Palavra da Fundação José Augusto

“O que temos é uma situação gerada por causa da transição de Governo. Realmente tivemos problemas na Casa de Casa de Cultura de São José de Campestre, mas a situação está sendo mediada pelo coordenador das Casas, Messias Domingos”, disse a Assessoria do órgão.

Outras transições de governo não interferiram no bom trabalho desenvolvido, é bom ressaltar. Para Alexandre, sobrou a opção de procurar novo local de ensaios, “vender nossos espetáculos e viver de arte. Mas queremos nossos equipamentos porque foi luta e conquista nossa”.


Postado por Gonzaga Filho
Regional Online

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