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29 de janeiro de 2019

Casos de doença transmitida por gato crescem no Nordeste; saiba como identificar


Foto/Reproducao

A protetora de animais Ana Nery Teixeira, 43 anos, chegou a ter 170 gatos em casa, em 2015. Ela, que mora em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), precisou sacrificar mais da metade deles, porque estavam infectados por esporotricose.

A doença, transmitida pelo fungo Sporothrix, encontrado principalmente em solos e folhagens, é uma micose que atinge bichos e pessoas. Os sintomas são feridas que, se não forem cuidadas, podem evoluir e levar à morte. 

Segundo o Grupo de Apoio e Proteção ao Animal de Rua (Gapar), de 2015 até o ano passado foram registrados mais de mil casos em gatos e humanos, em Camaçari - os dados incluem também felinos mortos. 

“Temos a informação que duas pessoas morreram e os óbitos não foram registrados como esporotricose”, explicou Natália Vieira, 32, uma das fundadoras do Gapar.

Oficialmente, a Secretaria Municipal de Saúde de Camaçari notificou, de 2015 até 23 de janeiro deste ano, 247 casos da doença em humanos - 171 em 2018 e seis neste mês, sem morte de pessoas.

Contrariando especialistas, a secretaria afirmou que a doença não é uma zoonose e que, por isso, não contabiliza os animais infectados. A doença foi registrada nos bairros de Gravatá, Nova Vitória, Novo Horizonte, Limoeiro, Parque Verde, Bomba, Poch, Lama Preta e Parque das Mangabas. O bairro camaçariense com mais pessoas afetadas foi o Parque das Mangabas, com 63 casos (25,5%). 
Doença provoca bolhas e feridas pelo corpo (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)


Transmissão
Mas, como é que pega essa doença? De acordo com a doutora em veterinária e professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Nadia Rossi de Almeida, a transmissão para humanos acontece através das arranhões e mordidas de bichos e, por isso, é comum atingir mãos de adultos e rostos de crianças.

Ela, que monitora a doença, diz ainda que a esporotricose também atinge cães e ratos, mas a carga de fungo é maior em gatos. 

Foi assim que Ana Nery foi contaminada. “Em 2015 peguei um gato ferido. Ele arranhou e contaminou outros gatos, que precisaram ser sacrificados”, lamentou ela, também vítima do animal.

Ela tem manchas pelo corpo, mas isso é o menor dos problemas. “Fui ao médico e descobri que o fungo está no pulmão”, contou.

Diagnóstico
A veterinária Ilka Gonçalves já atendeu pacientes contaminados em Salvador, Camaçari, Candeias e na Chapada Diamantina. Ela alerta que os gatos, assim como os humanos, são vítimas e precisam de tratamento.


“Os animais são muito negligenciados. Muita gente não tem dinheiro, não sabe lidar com a situação ou fica com medo de pegar a doença, aí abandona ou sacrifica. Se tem tratamento e cura, não tem porque eutanasiar. É uma vida”, reclamou.

Ela alertou ainda para os diagnósticos incorretos. “Nos cães, a esporotricose pode ser confundida com leishmaniose. Por isso, é importante fazer biópsia e exames adequados”, disse.

Vale lembrar que os bichos que morrem por causa da esporotricose devem ser cremados - não podem ser enterrados porque o solo é um local fértil para os fungos. 

Por: Nova Cruz Oficial

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