Foto/Reprodução
"Crédito ou débito?”: a frase repetida milhões de vezes em estabelecimentos movimentou R$ 1,36 trilhão no Brasil no ano passado. Só a modalidade crédito foi responsável por 62% desse valor - o que mostra a preferência dos brasileiros pelas compras à prazo. Mas nem todos os compradores estão honrando com os pagamentos. O último levantamento do BC (Banco Central) aponta que 33,16% deles estavam com pelo menos uma parcela da fatura atrasada há mais de 90 dias. Assim, as vantagens do cartão dão lugar a um emaranhado de problemas que culminam no endividamento.
Na série "De nome limpo e saldo positivo" deste fim de semana, o R7 Minas te apresenta quatro erros comuns que não devem ser cometidos por quem quer se dar bem com o cartão de crédito. Eles foram selecionados a partir das diretrizes do Caderno de Educação Financeira do BC, dicas de especialistas e de pessoas que lutaram para “sair do vermelho”.
Pensar que o cartão de crédito é riqueza
A facilidade de uso do cartão de crédito causa uma falsa sensação de riqueza, mas você deve ter consciência que não ficou mais rico ao ter o limite do cartão aumentado. Para o Banco Central, instituição responsável por controlar a inflação do país, serviços como cheque especial e cartão de crédito funcionam como uma espécie de “adiantamento de riqueza”. Com eles, você tem imediatamente um dinheiro que receberia no acumulado dos próximos meses.
Como todo serviço, esses também têm custos. A operação é comparada com o aluguel de uma casa. Nós pagamos aluguel para morar em um imóvel de outra pessoa. Com o crédito é a mesma coisa: por meio das taxas de juros, nós pagamos “aluguel” desse dinheiro que estamos antecipando.
Entrar no crédito rotativo
Quando você não paga o valor total da fatura até o dia do vencimento, automaticamente está contratando o chamado crédito rotativo. O valor restante é adicionado na fatura seguinte sob uma da maiores taxas de juros do país, que está próxima a 333.92% ao ano.
A professora Gabrielle Batista Dias, de 28 anos, conta que cair no rotativo foi a solução “mais errada” que ela tomou quando estava endividada. Universitária, aos 22 anos, ela devia de cartão de crédito três vezes o que ganhava como monitora na faculdade.
Depois de muita angústia, ela tomou algumas medidas para resolver o problema: cancelou o cartão, o cheque especial e conseguiu um emprego fora da universidade. Mesmo recebendo mais, ela ainda precisou de oito meses para quitar a dívida.
— Eu fui pagando, pagando e sempre estava piorando a situação. Não resolvia nada.
Ter vários cartões
Eduardo Coutinho, professor de finanças do Ibmec, defende que ter apenas um cartão é o suficiente. Fazer uma coleção deles só gera mais gastos com pagamento de taxas desnecessárias e estimula o consumidor a se endividar.
— A dica é concentrar tudo em um cartão só. Escolha o que atende melhor o seu perfil. Procure as operadoras que cobram os juros mais baixos. Se a pessoa viaja muito, olhe aquelas que oferecem mais benefícios com os programas de pontos.
Emprestar e ter cartões adicionais
Querer ajudar aquele amigo ou parente emprestando o seu cartão de crédito pode causar muita “dor de cabeça”. Se ele não pagar e o valor estiver acima do seu orçamento, o endividamento vai ser inevitável. Outra fonte de problemas são os cartões adicionais. Para Coutinho, tudo vai depender do perfil da pessoa a quem vai oferecer o cartão extra. Se for uma pessoa que não consegue conter os gastos, é melhor evitar.
— A utilização do cartão é muito simples. Você entrega, paga e acabou. Isso cria uma facilidade que descontrola.
No controle
“Vai ter cartão de crédito? Monitore-se e não perca o controle”, essa é a dica de Coutinho para quem quer manter o benefício. Com o uso consciente, ele oferece vantagens como pagar por algo que está precisando, suprir alguma necessidade em situações de emergências e aproveitar a oportunidade para fazer um bom negócio.
— Tem pessoas que pagam todas as contas com o cartão. Isso é uma facilidade também. A única coisa que não pode acontecer é você gastar mais do que o seu orçamento permite.
R7
Por: Nova Cruz Oficial
Nenhum comentário:
Postar um comentário