2 de junho de 2012

Oposição vai à Justiça contra entrevista de Lula

O PSDB e o PPS anunciaram ontem que vão entrar com representação na Justiça Eleitoral contra os responsáveis pela entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Programa do Ratinho, na noite de quinta-feira. Os partidos alegam que houve propaganda eleitoral antecipada a favor do pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. O ex-ministro acompanhou Lula no estúdio do SBT e foi chamado para participar da entrevista.

Ontem, líderes tucanos também criticaram duramente a declaração do ex-presidente Lula, que admitiu pela primeira vez que poderá ser candidato à Presidência em 2014, caso a presidente Dilma Rousseff não queira concorrer a um novo mandato. Lula destacou que se lançaria novamente numa disputa presidencial para impedir que um político do PSDB volte a ocupar o Palácio do Planalto.

Em nota oficial, porém, o partido reagiu ao que chamou de 'propaganda eleitoral antecipada, abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação'. 'Em flagrante desrespeito à lei e à Justiça, um ex-presidente usou indevidamente espaço de emissora de TV, detentora de concessão pública, na tentativa de promover o candidato de seu partido e tirá-lo da posição inexpressiva em que está estacionado nas pesquisas. Para isso, entrevistados, programa e emissora não hesitaram em atacar partidos políticos adversários e pré-candidatos concorrentes, bem como a administração municipal', diz o comunicado.

A legenda vai entrar com representação contra a pré-campanha petista, o ex-presidente, o SBT e o apresentador Ratinho.

Sem fingimento. O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), anunciou, também por meio de nota, que o partido vai recorrer à Justiça Eleitoral contra o programa e disse que Lula 'não procurou nem mesmo fingir seu claro propósito: fazer propaganda eleitoral antecipada a favor de seu escolhido'.

Sobre a declaração de Lula, o presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), disse que se trata de ' uma demonstração antidemocrática' e de 'profunda arrogância'. 'Terceiro, de total desequilíbrio', afirmou, em entrevista à rádio Estadão ESPN.

Nome mais cotado para disputar a eleição de 2014 como presidenciável tucano, o senador mineiro Aécio Neves se disse surpreso com os termos da declaração de Lula. Ele observou que a decisão sobre o próximo governante do País cabe aos eleitores, e não a um cidadão, 'por mais força que ele julgue ter'. 'É legítimo que qualquer um postule o cargo de presidente, mas não apenas para impedir que um adversário o faça. Seria mais proveitoso que o objetivo fosse em favor de um projeto novo', disse, via assessoria. 'As últimas ações e declarações do ex-presidente só acentuam a necessidade de retorno do PSDB para, dentre outras coisas, garantir liberdade de imprensa e respeito às instituições.' / DÉBORA ÁLVARES e DENISE MADUEÑO

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