11 de março de 2013

Bate-boca entre irmão de Mércia e advogado interrompe transmissão de júri.FOTOS

Um bate-boca entre o irmão da advogada Mércia Nakashima, morta aos 28 anos em 23 de maio de 2010, Márcio Nakashima, e o advogado Ivon Ribeiro, um dos três defensores do acusado de ser autor do crime, Mizael Bispo de Souza, interrompeu a transmissão ao vivo do júri sobre o caso, no início da tarde desta segunda-feira. Márcio e Ribeiro trocaram várias acusações durante o depoimento da testemunha, que acusou o defensor de ameaçá-lo e de manchar a "honra" de sua irmã, o que fez com que o juiz Leandro Bittencourt Cano interrompesse temporariamente a transmissão do júri.

Primeira testemunha a depor, Márcio presta depoimento desde as 10h50 desta segunda-feira e, em diversos momentos, já havia chorado em plenário, mas ficou especialmente exaltado quando o advogado Ivon Ribeiro o advertiu de que ele estaria fazendo juízo de valor em sua fala. O irmão de Mércia, então, não escondeu a indignação e chegou a ameaçar deixar o Fórum de Guarulhos.

Esse cidadão aí, ele mesmo, fala que a Mércia era garota de programa. (...) O doutor Ivon fala aos quatro cantos (sobre a irmã dele)", disse Márcio, apontando para o defensor. "Eu prefiro ir embora", continuou. "Ele (o advogado) já me ameaçou na represa (de Nazaré Paulista, onde o corpo de Mércia foi encontrado). Falou que ia me colocar na cadeia. Isso que o senhor está querendo me falar agora, quer passar pro jurado, fica com esse joguinho. (...) Todo mundo viu a provocação quando eu cheguei lá (sem especificar a que local se referia)", disse. Ribeiro, então, reagiu à declaração e falou, exaltado, para que ele provasse as acusações. "Traga provas", rebateu o advogado.


O bate-boca não parou por aí e Márcio continuou com as acusações ao advogado. "O senhor chegou a dizer que eu e minha irmã Cláudia temos uma ficha criminal", disse Márcio, ao que o Ribeiro respondeu: "Me processa!", afirmou o advogado. "Então vou fazer isso, então pode ter certeza. Não fiz isso ainda por orientação do meu advogado", rebateu o irmão de Mércia.


Neste momento, o juiz interrompeu a transmissão do júri e alertou Márcio para que ele tentasse se acalmar, lembrando que ele depunha como testemunha de acusação, não como familiar da vítima.

"Eu sei o quanto deve ser difícil estar aqui. Sei do seu sofrimento. Mas não adianta nada, absolutamente nada, o senhor vir aqui denegrir a imagem de quem quer que seja. A justiça vai ser feita. Preste o depoimento. Os senhores jurados, representantes do povo, vão decidir o futuro do caso daqui a pouco", disse o juiz, se dirigindo a Márcio.


Mais calmo, o irmão de Mércia disse que poderia retomar o depoimento: "Pode continuar", disse, retomando a transmissão em seguida.  As famílias de Mércia e Mizael acompanham o julgamento e, embora demonstrem bastante desconforto e emoção com a situação, permaneceram em silêncio.


Além de Márcio, outras dez testemunhas serão ouvidas durante o julgamento, entre elas o delegado Antonio de Olim, responsável pelas investigações, além de peritos criminais.


Em sua primeira fala, Márcio definiu Mizael como uma pessoa extremamente ciumenta e disse que ele se "transformou" dias antes do crime. "Ele foi se transformando. Ele era um sujeito ciumento, possessivo, ficava cercando a Mércia, ligava várias vezes para a Mércia", afirmou.

Foto: Fernando Borges / Terra
Terra
FOLHA DO SERTÃO

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