Presidente do banco pede desculpas pela informação errada e culpa crise pela confusão
Carolina Martins, do R7, em Brasília
Jorge Hereda fala a jornalistas em Brasília, nesta segunda-feiraEd Ferreira/Estadão Conteúdo
O presidente da CEF (Caixa Econômica Federal), Jorge Hereda, admitiu, nesta segunda-feira (27), que a direção do banco mentiu ao dizer que o dinheiro do Bolsa Família teria sido disponibilizado no dia 18 de maio, sábado em que foi registrado o possível boato de que o programa iria acabar.
Os recursos para pagamentos do Bolsa Família foram antecipados e estavam disponíveis na manhã de sexta-feira (17), antes de qualquer boato, devido a uma reformulação do sistema de pagamento.
Hereda admitiu a mentira e pediu desculpas pela informação errada.
— A Caixa mentiu na hora que o Urbano [vice-presidente da área de Governo] foi fazer a entrevista no momento em que estávamos vivendo uma crise. Tivemos uma informação equivocada com relação a data que se abriu o sistema e isso gerou uma informação imprecisa da Caixa. Essa imprecisão só se justifica pelo momento que estávamos vivendo, peço desculpa por esse engano.
Depois do suposto boato de que o Bolsa-Família iria acabar, os beneficiários correram até as agências da Caixa e resgataram R$ 152 milhões entre os dias 18 e 19 de maio. A assessoria da Caixa informou que foram realizados 900 mil saques nesse período de dois dias.
No fim de semana em que foi registrado o problema, o vice-presidente da área de Governo da Caixa, José Urbano, informou que o banco teria tomado a decisão de liberar o dinheiro no sábado para evitar tumulto. No entanto, os recursos estavam disponíveis para todos os beneficiários um dia antes.
1 milhão de beneficiários com dupla identificação
O dinheiro foi liberado antes por uma decisão da área operacional da Caixa, antes do suposto boato. Isso porque o sistema que identifica todos os cidadãos que participam de algum programa social do governo está sendo reformulado desde março.
O governo identificou que cerca de 1 milhão de beneficiários eram identificados com dois NIS (Número de Identificação Social), mas não sabia quem eram essas pessoas.
O objetivo era unificar os registros para impedir fraudes no programa. Mas, como a data de saque do Bolsa Família depende do último dígito do NIS, as mudanças poderiam gerar confusão nos beneficiários.
O presidente do banco alega que os cidadãos poderiam ir até as agências e não conseguir sacar o dinheiro, por causa da mudança na data de pagamento.
A Caixa não divulgou esse procedimento para população. Segundo o presidente do banco, a intenção era evitar transtornos às famílias. Além disso, a Caixa não foi capaz de identificar quais eram as pessoas que teriam o número modificado. Por isso, antecipou o pagamento para todos os beneficiários.
Mesmo omitindo a informação, Jorge Hereda acredita que a decisão foi crucial para evitar uma confusão ainda maior.
— A intenção da Caixa, ao nosso ver, foi acertada, foi garantir que todos tivessem acesso ao pagamento neste mês e a gente conseguisse, ao mesmo tempo, regularizar a situação do NIS.
Apesar da informação imprecisa, o presidente da Caixa garante que não foi isso que causou à corrida às agências. Segundo Hereda, os saques na sexta-feira em que foi antecipado o pagamento o comportamento dos saques foi normal.
R7
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