7 de outubro de 2013

Perseguição a Perséfone sai do tom em ‘Amor à Vida’

Site Veja
Perséfone (Fabiana Karla) sobe ao altar com Daniel (Rodrigo Andrade) no capítulo desta quinta (10): novela promove um verdadeiro massacre psicológico contra a sua “gordinha simpática” (Divulgação)

Quando a gente pensa que já se viu de tudo em novelas, eis que o gênero surpreende. Na situação clássica da família que se opõe a um romance, é comum que haja a diferença de classe social, de credo e até de time de futebol. Mas uma família que é contra um casamento porque a noiva está acima do peso ideal só mesmo em Amor à Vida (Globo, 21h15).

Perséfone (Fabiana Karla) passou para a segunda fase da trama com honra – foi pedida em casamento por Daniel (Rodrigo Andrade) e está perto de perder a virgindade. Mas, ainda longe do final feliz, ela começou a enfrentar a resistência da problemática família dele. Mesmo com duas filhas a lhe demandarem cuidados – a autista Linda (Bruna Linzmeyer) e a momentaneamente paralítica Leila (Fernanda Machado), a mãe, Neide (Sandra Corveloni) parece mais preocupada com o sobrepeso da futura nora – como algo extremamente grave, como uma falha de caráter. “Ela tem um apartamento quitado, mas é gorda”, diz ela, para a filha que, aliás, é uma golpista.

Num mundo GG que finge ser PP, os comentários preconceituosos pipocam. Mas talvez a novela esteja um pouco acima do tom. Um personagem forte não pode ser apenas bonito, apenas magro ou apenas periguete, mas Perséfone é apenas obesa. O brilho da personagem e o talento de Fabiana Karla estão exatamente aí: a enfermeira protagoniza um quadro de humor dentro da trama, mas curiosamente a história de Perséfone é triste.

Solícita, está sempre ajudando os falsos amigos e sorrindo, mas vive sendo massacrada por comentários deselegantes sobre seu peso. Se fosse uma adolescente enfrentando os corredores da escola, vá lá. Mas é difícil acreditar nessa perseguição implacável dentro de um ambiente adulto, como deveria ser o Hospital San Magno. “Quem sabe agora você não faz um regime?”, disse a “amiga magra” Patrícia (Maria Casadevall), ao saber do noivado. Era piada? Não teve graça – nem para os magros

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