30 de janeiro de 2015

Emater alerta para necessidade de renovar subsídio do milho para enfrentamento da seca

Inverno irregular já preocupa os produtores rurais de todo o NE, devido à redução na produção de grãos para alimentar o gado
Marcelo Lima
marcelolimanatal@yahoo.com.br

Apesar de ainda ter reservatórios de água em uma posição confortável, a Região Metropolitana de Natal sente o impacto da seca, principalmente, pelo aumento do preço dos produtos agrícolas. E neste ano, além de ter uma forte perspectiva de seca para o Nordeste, outras regiões do Brasil também terão problemas com a falta d’água para produção na zona rural.

Diante dessa situação, o governo do RN já começa a se articular. Uma das medidas propostas para o plano de enfrentamento aos efeitos da seca será o retorno do subsídio do milho para o produtor rural. A decisão é do governo Federal, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas o governo do Estado é quem apresenta a demanda.

“Todos os criadores precisam do milho. Então, o preço de mercado sobe bastante. Sem o subsídio, teríamos também um aumento significativo no preço da carne e leite” explicou César Oliveira, diretor geral da Emater no Rio Grande do Norte.
No início da semana, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca (Sape), de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), de Assuntos Fundiários e Apoio à Reforma Agrária (Seara), o Instituto de Gestão de Águas (Igarn), Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural se reuniram novamente. “Estamos tomando providências pra disponibilizar também forragem e ração em parceria com o governo Federal”, falou Oliveira.

Com o fim do subsídio, no primeiro mês desse ano, o milho já registrou uma alta significativa em todo o Nordeste. Os maiores alvos dessa política, que trazia o grão do centro-oeste para a nossa região eram os pequenos e médios produtores. O que garantia o subsídio era uma portaria que expirou no dia 31 dezembro de 2014.

O economista Zivanilson Silva também corrobora com a posição do diretor-geral da Emater. “Havendo uma redução da produção em função das ações climáticas, a conseqüência direta é a inflação dos preços dos produtos que têm a demanda reduzida”, completou.

Outra preocupação do professor de economia da UFRN é que a escassez se generalizou pelo Brasil, tornando a pressão sobre os preços dos produtos ainda mais inescapável. “A seca que, anteriormente se restringia mais a uma região, agora se alastra pelo Brasil”, considerou. Em alguns Estados da região Sudeste, as lavouras irrigadas começam a sofrer medidas de restrição por parte dos órgãos gestores dos recursos hídricos.

Para Silva, os governos estaduais também têm função importante tanto no âmbito assistencial quanto na dinamização da economia num ano difícil como promete ser 2015. “O empréstimo do governo Estadual a Banco Mundial ocorreu em um momento muito bem-vindo”, avaliou. O plano de ação para utilizar o dinheiro prevê, entre outros pontos, ações estruturantes de convivência com a seca. Por outro lado, as grandes obras e a injeção desses valores na economia durante um ano,, que pode ter um crescimento não maior que 0,5%, também serve para dinamizar a economia local e gerar empregos.

As principais armas para o combate à inflação estão concentradas nas mãos do governo federal. Além do subsídio aos produtores, há o controle inflacionário por meio do juro básico da economia (a taxa Selic) e a própria política fiscal. “Mas a política fiscal só mostra resultados a longo prazo, de seis meses a um ano. Acredito que neste ano, o governo Federal terá que ter um olhar bem mais detido para o controle inflacionário”, analisou.

O professor também acredita que diante de tantos problemas hídricos e econômicos do país, o governo Federal ultrapasse o teto da meta da inflação e também não atinja o objetivo de crescimento para o ano (0,4%). Vale lembrar que com juros mais altos, toda a economia fica inibida, o crédito é reduzido e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) também.
Regional Online

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