Nova rede social (Foto: VERO/Reprodução)
A rede social Vero — “verdade”, em italiano — parece boa demais para ser verdade. Ou pelo menos é o que promete em seu manifesto, em letras maiúsculas: “a melhor rede social é a que a já existe entre as pessoas. A missão do Vero é torná-la disponível online”.
Em uma explicação menos abstrata: Facebook e Twitter, na média, não fazem distinções entre seus amigos, seus conhecidos e as marcas que você segue. Seu melhor amigo, sua tia avó e aquele colega da faculdade que você nunca mais viu têm chances muito parecidas de serem alcançados pelo conteúdo que você publica. Isso sem falar nas propagandas — como o Facebook vende a distribuição de posts, você tem mais chance de trombar com um anúncio pago do que com o post de alguém próximo. Quem dita tudo isso é um algoritmo impenetrável, que já virou lenda urbana.
É claro que, se você não quiser que alguém específico veja uma foto particularmente comprometedora, você pode dar um tapa nas configurações de privacidade da foto e impedir esse alguém de vê-la. Mas, com as listas de mais de mais de 500 “amigos” que quase todo mundo tem, fazer posts seletivos o tempo todo é inviável. Publicar é jogar seus sentimentos na roda. Não tem volta.
Isso faz com que todo mundo pareça feliz o tempo todo no feed do Facebook. A lógica é simples. Se você sabe que aquilo que posta pode chegar a centenas de pessoas sem critério, é normal que você comece a “maquiar” seus posts – mesmo que na verdade tudo esteja horrível. Por isso, o Vero insiste em distinguir seus amigos.
Nas palavras do Vero, “quando você pode controlar quem vê o que, você se comporta de maneira mais natural, e isso é melhor para você.” Para usar o clichê: sem máscaras é mais saudável. Na nova rede, você é o algoritmo. Você decide quem vai ver a publicação. Você pode enviar uma foto, uma música, um vídeo ou um texto para uma pessoa só, ou para duas. E ele alcança o alvo. O conteúdo compartilhado por seus contatos aparece no seu feed integralmente, em ordem cronológica. Ninguém precisa rolar o feed do Vero de maneira compulsiva em busca de algo relevante.
O Vero existe desde 2015, mas ficou no anonimato até este mês, quando o número de usuários subiu tão rápido que o sistema caiu. A explicação para o boom é curiosa: como a rede não exibe publicidade, se sustenta com uma pequena taxa paga por seus usuários (como o Netflix ou o Spotify, mas anual). O primeiro milhão de inscritos não pagaria nada para entrar — amostra grátis —, mas ninguém sabia disso. Assim que a informação se espalhou, todo mundo correu para pegar uma vaga gratuita. Afinal, vai que vira moda? Melhor se garantir.
O público, até agora, está gostando da experiência. São mais de 500 mil downloads no Google Play (aparelhos Android). Um porta-voz da empresa afirmou ontem ao Slate que eles já estão chegando à marca de um milhão de inscritos, mas não revelou o número exato. Segundo avaliações de usuários, o sistema tem problemas técnicos, mas a ideia funciona. Empresas não podem pagar para impulsionar o próprio conteúdo, nem comprar seus dados para exibir publicidade sob medida. Como o Vero vai se sustentar com anuidades, não depende disso para pagar as contas. O preço da anuidade ainda não foi divulgado, mas tudo indica que será baixo e acessível.
Se o Vero é cilada ou não, Bino, só o tempo dirá. Mas alguns sinais, como os termos e condições de uso expressos claramente em seu site, em vez de letrinhas minúsculas, indicam que ele pode ser uma nova maneira — menos nociva e viciante — de se relacionar tanto com seus amigos quanto com o aparelho celular em si. Não custa nada tentar. Ou pelo menos não custará até o primeiro milhão de usuários.
Fonte: Super Abril
Por: Nova Cruz Oficial
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