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Os pesquisadores encontraram um vínculo inesperado entre sonhos estranhos violentos e o risco de doenças neurológicas, como Parkinson e demência. Eles dizem que esses sonhos poderiam agir como um sinal de alerta.
Ainda não está clara quão definitiva é esta ligação, mas os resultados são apoiados por pesquisas anteriores que indicam que pacientes com sonhos violentos tem uma chance de 80 a 100% de desenvolver um distúrbio neurodegenerativo. Esses distúrbios nos sonhos, conhecidos como distúrbio do comportamento do sono REM (RBD), fazem com que as pessoas “vivam” seus sonhos, podendo às vezes gritar, e até sair da cama.
“O consenso entre todos os pesquisadores do RBD é que não é uma questão de se, mas quando”, disse, Carlos Schenck, do Centro Regional de Distúrbios do Sono de Minnesota, em Minneapolis, nos Estados Unidos. “Basicamente, quanto mais você seguir estes pacientes, mais eles desenvolverão um transtorno neurodegenerativo”, completou. Durante o sono REM, a atividade elétrica do cérebro realmente parece bastante com a atividade cerebral exercida no dia, exceto que enquanto os neurônios estão disparando como se estivessem acordados, o corpo normalmente sofre paralisia muscular temporária.
Embora esta paralisia temporária permita algumas contrações musculares, a maioria das pessoas permanece bastante tranquila durante este estágio do sono. Mas se você desenvolver um distúrbio do comportamento do sono REM, seu estágio dos sonhos será muito diferente – os pacientes geralmente realizam ações físicas que combinam com seus sonhos. Não está claro o que causa um início de RBD, mas pode aparecer em qualquer idade – e, estranhamente, os homens mais velhos são muito mais suscetíveis do que mulheres e crianças.
O neurocientista John Peever, da Universidade de Toronto, no Canadá, vem investigando uma ligação entre o RBD e doenças neurológicas que parecem continuar a surgir em estudos humanos. Ao se concentrar no tronco cerebral, que há décadas foi associado à formação dos sonhos, Peever pôde isolar um grupo específico de células que parecem ser responsáveis por manter o sono REM. Quando ele identificou esse grupo de células em camundongos, ele foi capaz de deslocar rapidamente os animais entre o sono REM e o não REM, simplesmente ligando e desligando as células.
Com isso em mente, Peever e sua equipe analisaram como este grupo de células estava funcionando em pacientes com RBD e descobriram que elas estavam danificadas – e isso é importante, porque esse dano também parece estar relacionado ao aparecimento de doenças neurológicas. “Por alguma razão, as células da área de sono REM são as primeiras a ficar doentes, e então a doença neurodegenerativa se espalha no cérebro e afeta as outras áreas que causam distúrbios como a doença de Parkinson”, disse Peever.
“O distúrbio de comportamento REM é de fato o fator mais conhecido do início da doença de Parkinson”, completou. Enquanto os resultados de Peever são apenas preliminares e ainda não foi revisado por pares, eles são semelhantes aos de estudos anteriores – e infelizmente para pacientes com RBD, esses percentuais são incrivelmente altos. Em um estudo de 2013 envolvendo 44 pacientes com RBD, os pesquisadores descobriram que 82% deles desenvolveram distúrbios neurológicos dentro de 10 anos de observação. Em outro publicado no mesmo ano, dos 26 pacientes com RBD, 80,8% desenvolveram Parkinson ou demência.
Um estudo de 2010 descobriu que 41 dos seus 43 pacientes com RBD, o equivalente a 95%, desenvolveram uma série de distúrbios neurológicos. A maioria apresentava um distúrbio neurodegenerativo progressivo chamado atrofia de sistema múltiplo (MSA). Agora, Peever diz que seu estudo não só apoiou essas altas porcentagens, mas, ao identificar danos no grupo de células estaminais cerebrais como o gatilho para transtornos neurológicos. “Observamos que mais de 80% das pessoas que sofrem de distúrbio do sono REM, eventualmente, desenvolvem distúrbios neurológicos, como a doença de Parkinson e a demência”, disse ele em um comunicado à imprensa.
“Nossa pesquisa sugere que distúrbios do sono podem ser um sinal de alerta precoce para doenças que podem aparecer 15 anos mais tarde”. Embora seja necessária mais pesquisa para descobrir o que está acontecendo exatamente, há pelo menos uma indicação bastante sólida sobre os tipos de sonhos ruins com que devemos ficar preocupados.
Fonte: Jornal Ciência
Por PortalNova Cruz Oficial
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